segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Espírito Maratonista

Do andar ao correr
Apenas o início
Do sofrer ao prazer
Logo virou vício

A distância aumenta
Fidípedes alerta
O corpo experimenta
Maratona na certa

Tudo é controlado
Comida, sono, o social
Família às vezes ao lado
No apoio emocional

Árduo treinamento
Trabalho não concilia
É um sofrimento
A espera do grande dia

O tiro foi dado
Pernas, músculos em ação
Tudo sincronizado
Nas batidas do coração

Amizades se entrelaçam
Ao longo do trotear
Os quilômetros passam
A maratona a congregar

Nos trinta o corpo reclama
A dor ensina a gemer
A mente conclama
Chegar é mais que poder

Ao cruzar a linha
A verdadeira conquista
De longa data vinha
O espírito maratonista

domingo, 30 de agosto de 2009

Amor Eterno

A vida de um homem é uma equação onde balança seus amores e dissabores.
Até os trinta anos só acumulei dissabores. Não sou pessimista. Não vou revelá-los. Já os eliminei de minha memória RAM.
E os amores?
Ah, os amores foram chegando de mansinho como um forró nordestino, desprentecioso. Amei todas, as pequenas, as magras, as mais cheias, as mais novas, as difíceis, as fáceis e aquelas com quem todos iam.
Aos trinta e cinco anos, já maduro, pensava. Resolvi casar. Não escolhi as anteriores. Achei que o relacionamento deveria ser mais duradouro. Optei por uma mais velha. Encorpada. Os amigos mais próximos alertaram-me: não é pra ti. Ela tem experiência. Já derrubou vários de nós.
Quando a paixão entorta a cabeça de um homem, somente outra ou o tempo para desentortá-la.
A lua-de-mel não foi fácil. Nas primeiras semanas, quase desisti. Talvez não fosse o momento. Talvez não fosse para mim. Passou um ano, e, confesso aqui, voltei para gandaia. Aos fins de semana saía com as outras. Às vezes, uma no sábado e outra no domingo.
Ela sabia que eu a traía sempre. Todas sabem. Apenas fecham o cérebro. Não há vestígios que a alma feminina não desvende.
Aos cinqüenta anos, depois de quinze de casamento conturbado, resolvi revelar o meu passado, pedir desculpas e jurar amor eterno. Ela aceitou.
Feidípedes não foi tão feliz. Morreu logo após o enlace nupcial.
À minha deusa Maratona, meus respeitos, minha devoção, meu amor eterno.