quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Do Corpo à Alma

O sol escaldante de 31 de outubro em Melo, capital departamental de Cerro Largo, norte do Uruguai, e as previsões meteorológicas anunciavam o drama do dia seguinte.
Às 7 horas do dia 1 de novembro, 43 atletas partiram de Aceguá, fronteira com Brasil, a percorrer os 60 km que separam até Melo. Era o desafio da 2a Ultramaratona “El Hombre de Hierro”.
Maratona e eu estávamos lá. Os dois meio desenfocados. Ultra não é para o corpo. Ultra não é para nós. Não é traição, nem bigamia. Ultra insere-se em outro nível: o dos poderes da mente.
A paisagem era tão tranqüila quanto o pastar dos bovinos na pampa uruguaia. O sol ia aos poucos castigando nossos corpos. No quilômetro 30, confabulâmo-nos. E desistimos. O resto é com o espírito.
Apareceu um carro preto, um Citroën de placas IPO 6883. Alguma coisa fazia-me segui-lo. Às vezes, oferecia-me água, outras vezes carbogel. Mas, estes ingredientes são para o corpo. E este, já havia encerrado suas atividades.
Algumas colinas leves apareciam. A estrada se perdia no infinito. O calor aumentava. Não importava. O carro preto estava à frente.
Uma placa superior chegou indicando a entrada na cidade de Melo. Faltavam uns dois quilômetros. O carro preto deu-me uma bandeira brasileira e se foi como que dizendo: “representa bem teu país”. A partir daí, fiquei sendo escoltado por um caminhão da organização da prova. O ritmo aumentou consideravelmente. Como um imã, a chegada me atraía. Os aplausos uruguaios eram cada vez mais fortes. O auto-falante registrava o término em 7 horas e 15 minutos.
Desta vez, não foi Chicomaratona quem correu. Foi seu espírito, Francisco Alberto Rheingantz Silveira. E do carro preto saía sua alma gêmea. À Maria Rejane Silveira da Silveira, todo meu agradecimento por sua dedicação. Minha ultra paixão!

4 comentários:

  1. CHICO, que bela declaração de amor!Lendo o que tu escreves, incentiva- me a querer sempre mais e acreditar que a ALMA pode sim vencer um grande desafio.PARABÉNS pela bela narrativa e por mais uma aventura concluída!

    Beijos da amiga Vânia.

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  2. Há alguma coisa errada aí : o poeta Mário Quintana sempre foi solteiro e nunca correu.
    Prezado amigo Chico, cada dia uma surpresa. Agora, às voltas com ultramaratonas e um coração tal qual sarça ardente. A quantas foi o bpm de D.Maria Rejane? certamente às alturas. Juízo aí, rapaz!

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  3. amigos chico e rejane
    os parabens ja se tornaram repetiçao
    mas nao podemos deixar de admira los e sentir toda emoçao de suas conquistas
    grande abraço
    eli

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